
do vereador da CDU
CARLOS TOMÉ
( Acta da Reunião de Câmara de 20/01/2009)

Sobre o assunto da “quota de serviço” que tem vindo a constar das facturas da água, o que é ilegal (como aliás eu já havia afirmado em Novembro passado), parece-me adequada a proposta de anulação da referida quota. Assim, a partir de deste momento a Câmara não pode continuar a manter a referida quota de serviço nas facturas da água.
No entanto, esta trata-se apenas de uma medida parcial, a qual não resolve a totalidade do problema. Com efeito, a Câmara tem que decidir o que vai fazer quanto aos meses (de Maio de 2008 até este momento) em que cobrou indevidamente esta quota e deve também decidir quanto ao futuro. Daí que, embora aprove esta proposta, porque ela corrige de imediato uma situação ilegal, irei aguardar pelas próximas reuniões e pela apresentação de uma proposta fundamentada em estudo técnico sobre o assunto, para me pronunciar em definitivo sobre o assunto.

Nada tenho contra a aquisição dos livros em causa pela Câmara, antes pelo contrário, pois tal decisão constitui uma medida de apoio à edição de obras por escritores torrejanos que vão engrandecer a nossa cultura.
No entanto, seria importante que a Câmara também apoiasse outras edições de autores torrejanos em igualdade de circunstâncias, para que não se criem diferenças de tratamento e discriminações injustificáveis. Com efeito, ainda há bem pouco tempo foi editado uma obra intitulada “Poetas Torrejanos”, a qual reúne um grande conjunto de poesias de autores torrejanos, sendo que, também quanto a esta obra, a Câmara deveria ter uma atitude idêntica pois trata-se de uma edição importante para a divulgação e valorização do património poético de Torres Novas.
E para além desta obra haverá, concerteza, outras relativamente às quais se justificava perfeitamente um maior apoio da Câmara do que aquele que normalmente é dado, não só contribuindo para a minimização dos seus custos mas também para incentivar à edição destas obras. Qualquer edição de autor que tenha qualidade e contribua para a valorização cultural do nosso concelho deveria ser apoiada pela Câmara em moldes e critérios a definir.
Daí que faça todo o sentido existir um critério mínimo para que o apoio da Câmara não seja casuístico nem fique ao livre arbítrio de quem decide, como tem vindo a acontecer. Aliás, quanto a esta matéria seria mesmo aconselhável que todos estes assuntos viessem a deliberação camarária, como veio este.

Já desde há mais de uma década que venho insistindo para que sejam definidos novos critérios mais coerentes e adequados às realidades do nosso concelho, para a delegação de competências da Câmara nas Juntas de Freguesia. No entanto, até hoje, esse trabalho nunca foi concretizado. Já se constituíram comissões para estudar o assunto que acabaram por nunca concretizar o seu trabalho, já se decidiram outras medidas sempre parcelares e momentâneas, mas nunca se encarou, com a coragem e a seriedade que o assunto exige e merece, a necessidade de rever estes critérios. Claro que o assunto é complexo e algo melindroso, no qual as Juntas também devem ter um papel de colaboração minimamente objectiva.
É evidente que os actuais critérios são injustos, já não estão adequados à realidade e criam diferenças de tratamento e desigualdades inaceitáveis entre as freguesias. Com efeito, actualmente, as transferências financeiras são efectuadas em função das salas de aula em cada freguesia - para prover às respectivas despesas com as mesmas -, e para a limpeza de valetas e bermas das estradas em cada freguesia. Com estes critérios, há freguesias que são bastante prejudicadas e outras que são bastante beneficiadas, tanto mais que houve já bastantes escolas que foram encerradas, sendo certo que os novos centros escolares ainda vão alterar mais este panorama.
Assim, justifica-se, desde há vários anos, olhar para este assunto com profundidade e alterar os critérios actuais, de molde a corrigir tais evidentes injustiças. O facto de estarmos no último ano deste mandato leva-me a considerar que no logo no início do próximo mandato tal assunto deveria merecer, finalmente, uma análise séria pelos autarcas que estiverem na Câmara e nas Juntas de Freguesia.
Tendo em conta que estamos no último ano do mandato; que deve existir uma perspectiva de alteração deste estado de coisas, e também que as Juntas estão já a contar com estas verbas nos seus orçamentos para este ano, decido aprovar, pela última vez, este tipo de propostas.
Carlos Tomé
20.01.09